Discurso jornalístico e as relações raciais: um olhar para a branquitude

Nayara Dias Ferraz, Luciana Soares da Silva

Resumo


Este artigo busca o entendimento de como as relações raciais são construídas, estruturadas e caracterizadas dentro do discurso jornalístico, tomando como base, especialmente, o conceito de branquitude. Esse termo diz respeito à configuração de dominação racial, em que o grupo dominante (branco) utiliza o ponto de vista de sua raça, permeado por seus privilégios e poderes simbólicos, para qualificar todos os outros diferentes de si. A abordagem é de cunho qualitativo, amparado pela Análise do Discurso (AD) e utilizando do subentendido e do silenciamento enquanto categorias de análise. Para constituir o corpus foi utilizado o jornal Folha de S. Paulo, no período entre janeiro e julho de 2020, com o racismo como filtro de pesquisa. Para constituição do referencial teórico, são abordadas conceituações acerca do discurso jornalístico, do racismo e da branquitude. Os resultados encontrados a partir da análise são: é possível identificar a presença do discurso da branquitude no campo jornalístico, no entanto de forma muito sutil. Dentro do discurso jornalístico, a discussão acerca do discurso da branquitude e do racismo torna-se silenciado pelos enunciadores.

PALAVRAS-CHAVE: Discurso jornalístico; Relações Raciais; Discurso da Branquitude; Racismo


Palavras-chave


Letras; Análise do Discurso

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DOI: http://dx.doi.org/10.35572/rlr.v11i3.2521

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