Identidades linguísticas e resistências cotidianas de mulheres migrantes no Brasil
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de discorrer sobre as resistências cotidianas, particularmente vinculadas à língua e à linguagem, adotadas por mulheres migrantes no Brasil. Entendendo o papel das interações e das trocas intersubjetivas para os processos de construção de identidades dos sujeitos, o artigo busca refletir sobre como essas mulheres resistem a quadros interseccionais de opressão, silenciamentos e violências. O estudo baseia-se em análises linguístico-discursivas de relatos de mulheres migrantes, nas contribuições de teóricas feministas e nas noções de identidade linguística e cultural. Esperamos, desse modo, expor como essas formas de resistência se desenvolvem frente aos desafios que o domínio de uma determinada língua representa para as vivências das pessoas, e se estende, até mesmo, para o nível de interações sociais mais complexas, que envolvem o reconhecimento das diferentes relações de poder e a tomada de posição frente a elas.
Palavras-chave
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DOI: http://dx.doi.org/10.35572/rlr.v11i3.2516
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