O LIVRO DIDÁTICO DE LITERATURA E O NÃO ALCANCE DO LEITOR CONTEMPORÂNEO: DO DEPÓSITO DE CONTEÚDOS AO CONTATO COM AS LINGUAGENS ARTÍSTICAS

Fabiano Tadeu Grazioli

Resumo


A partir de proposições de Manguel (2010) sobre leitura, assim como de Montes (2020), Larrosa (2014), Foucault (2011), Petit (2019) e Freire (1987, 2014), reafirmamos que as práticas leitoras empreendidas pela escola brasileira mais distanciam os jovens do texto literário, do que aproximam, considerando o que seria sua efetiva recepção no ensino médio. Na sequência, exemplificamos como essa ocorrência se presentifica no material didático do componente curricular de literatura, observando como são apresentadas as cantigas líricas trovadorescas. Na contramão do que sugere o material, demonstramos outras possibilidades de o mesmo conteúdo ser oferecido aos leitores em questão, a partir dos estudos de Moraes (2018) e Barros (2011), sobre o entendimento do amor cortês como código cultural. Já os estudos de Alves (2017) e Melo (2011) orientam o aproveitamento de produtos culturais-midiáticos que dialogam com o universo da poesia trovadoresca, entre eles o espetáculo Sem mim (2011), do Grupo Corpo. Evidencia-se, por fim, a necessidade de a escola, por meio de seu material didático e suas ações, propor a integração entre os jovens leitores e a literatura que se apresenta fundida nas diferentes linguagens e meios expressivos da cultura visual-digital contemporânea, atendendo aspectos do paradigma da formação do leitor (COSSON, 2020). 


Palavras-chave


Leitura literária; leitor contemporâneo; formação do leitor

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Referências


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