VARIAÇÃO LEXICAL E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA EM MOÇAMBIQUE
Resumo
O ensino nas escolas moçambicanas é feito em língua portuguesa, porém, a língua portuguesa é ensinada de acordo com a norma-padrão do português europeu. Muitos moçambicanos não têm o português como língua materna e o português falado fora da escola é o português moçambicano que tem diferenças assinaláveis em relação ao português europeu. O português de Moçambique recebe muito léxico das línguas bantu nacionais e que ensinar língua portuguesa em Moçambique significa levar em conta essa particularidade sociolinguística que a escola não observa. O objetivo deste trabalho é analisar a variação lexical e o ensino do léxico nas escolas moçambicanas, olhando pela forma como a escola deve tratar as variedades linguísticas faladas pelos alunos em função de a escola ensinar a norma-padrão europeia que não é a variedade falada pela maioria da população moçambicana falante de português. Para tal, usamos obras que falam sobre o português de Moçambique e do conhecimento da situação linguística de Moçambique enquanto pesquisador. Em termos de resultados, verifica-se que existe necessidade de a escola acolher as outras variedades do português que não sejam a norma-padrão, incorporar o léxico oriundo dessas variedades e das outras línguas nacionais no processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ABDULA, R. A criatividade da língua portuguesa: estudo de moçambicanismos no português de Moçambique. RILP – Revista Internacional em Língua Portuguesa, IV Série, n. 32, 2017, p. 79 – 95
ANTUNES, I. O território das palavras: estudo do texto em sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
BAGNO, M. Norma linguística e preconceito social: questões de terminologia. Juiz de Fora: Veredas, vol,5, n. 2, 2001, p. 71-83.
CHIMBUTANE, F. A estratégia do pronome resumptivo na formação de orações relativas restritivas de objecto directo e de oblíquo do português de Moçambique. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane, (tese de Licenciatura). 1995.
CHIMBUTANE, F. As estratégias resumptiva e cortadora na formação de orações relativas do português de Moçambique. In Perpétua Gonçalves (orgs) Mudanças do português em Moçambique: Aquisição e formato de estruturas de subordinação, . Maputo: Livraria Universitária, p.111-181, 1998.
COUTO, M. Estórias abençonhadas. São Paulo: Companhia de Letras, 2012 [1994].
DIAS, H. Os empréstimos lexicais das línguas bantu no português. Actas do Simpósio Nacional sobre Língua Portuguesa em África. Santarém: Escola Superior de Santarém, 1991
DIAS, H. Línguas e mudanças sociais - algumas reflexões sobre o caso de Moçambique. Revista Internacional de Língua Portuguesa, vol. 8, 1993, p. 96-100.
DIAS, H. Minidicionário de moçambicanismos. Maputo: Edição da Autora, 2002.
DIAS, H. (orgs) Português moçambicano: estudos e reflexões. Maputo: Imprensa Universitária, 2009.
DIAS, H. A norma padrão e as suas mudanças linguísticas na língua portuguesa nos meios de comunicação de massas em Moçambique. In DIAS H. (orgs) Português moçambicano: estudos e reflexões, . Maputo: Imprensa Universitária, p. 389-420, 2009.
FARACO, C. A. Norma-padrão brasileira: desembaraçando alguns nós. In: BAGNO, M. (org.). Lingüística da norma. São Paulo: Loyola, 2002, p. 37-61.
FARACO, C.A; ZILLES, A.M. Para conhecer norma linguística. São Paulo: Contexto, 2017.
FIRMINO, G. A nativização do português em Moçambique. In CARVALHO, C; CABRAL, J. De, P. (orgs) A persistência da história: Passado e contemporaneidades em África. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, p. 343-374, 2004.
FIRMINO, G. Aspectos da nacionalização do português em Moçambique. Veredas, n. 9, 2008, p. 115-134.
GONÇALVES, P. A construção de uma gramática do português em Moçambique: Aspectos da estrutura argumental dos verbos. Anexo – Corpus. Lisboa: Universidade de Lisboa, (tese de Doutoramento), 1990.
GONÇALVES, P. Aspectos da sintaxe do português de Moçambique. In FARIA, I. H; DUARTE, I; GOUVEIA, C; PEDRO, E. (orgs.) Introdução à linguística geral e portuguesa. Lisboa: Caminho, p. 313-322, 1996.
GONÇALVES, P. Português em Moçambique: Uma variedade em formação. Maputo: Livraria Universitária e Faculdade de Letras da UEM, 1996.
GONÇALVES, P. (orgs). Mudanças do português em Moçambique: Aquisição e formato de estruturas de subordinação. Maputo: Livraria Universitária/Universidade Eduardo Mondlane, 1998.
GONÇALVES, P. Panorama geral do português de Moçambique. Revue Belge de Philologie et d’Histoire, vol. 79, 2001, p. 977-990.
GONÇALVES, P; CHIMBUTANE, F. O papel das línguas bantu na génese do português de Moçambique: O comportamento sintáctico de constituintes locativos e direccionais. Papia, vol.14, 2004, p. 7-30.
GONÇALVES, P. Pesquisa sobre a génese das variedades de línguas coloniais e instrumentos de análise: Uma aliança fertilizadora. In LOBO, M; COUTINHO, M. A. (orgs.) XXII Encontro da Associação Portuguesa de Linguística, 2007, p. 27-40
GONÇALVES, P. Contacto de línguas em Moçambique: Algumas reflexões sobre o papel das línguas bantu na formação do novo léxico do português. In LOBO T. et al.. (orgs) ROSAE: Linguística histórica, história das línguas e outras histórias, Salvador: EDUFBA, 2012, p. 401-405.
GONÇALVES, P. Aspetos morfossintáticos da gramática do Português de Moçambique: A concordância nominal e verbal / Morphosyntactic aspects of the grammar of mozambican portuguese: Nominal and verbal agreement. Cuadernos de la ALFAL, vol. 7, 2015a, p. 9-16.
GONÇALVES, P. Papel das línguas bantu na génese do português de Moçambique. In GONÇALVES, P; CHIMBUTANE, F. (orgs) Multilinguismo e multiculturalismo em Moçambique: Em direcção a uma coerência entre discurso e práticapp. Maputo: Alcance Editores, p, 133-153, 2015c.
LOPES, J. De. S. M. Escola e política linguística em Moçambique: a cidadania ameaçada. Rio de Janeiro: Teias, vol 2, n. 3, 2001.
MENDES, I. O léxico no português de Moçambique: Aspectos neológicos e terminológicos. Maputo: Promédia. 2000.
MENDES, I. Neologia no português de Moçambique. Aprender juntos, Actas do IV Simposium de Língua Portuguesa. Diálogo entre culturas. Revista da Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portugues), 2008. p. 10-11.
MENDES, I. Da neologia ao dicionário. O caso do português de Moçambique. Maputo: Texto Editores, 2010.
OLIVEIRA, A. M. P. P. Regionalismos brasileiros: a questão da distribuição geográfica. In: OLIVEIRA, A. M. P. P.; ISQUERDO, A. N. (Org.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: UFMS, 2001.
PONTES, Antônio Luciano. Dicionário para uso escolar: o que é como se lê. Fortaleza: EdUECE, 2009.
SÁ, Edmilson José de Sá. O léxico na região Nordeste: questões diatópicas. ReVEL, vol. 9, n. 17, 2011. Disponível em: www.revel.inf.br. Acesso em: 22/05/2021.
SORBA, J. C. D.; ISQUERDO, A. N: Variantes para papagaio de papel: uma pesquisa geolingüística. In: SEMINÁRIO DE ESTUDOS SOBRE LINGUAGEM E SIGNIFICAÇÃO .2006.
TIMBANE, A. A. e BERLINCK, R. De A. A norma-padrão europeia e a mudança linguística na escola moçambicana. Niterói: Gragoatá, Vol.1, n. 32, 2012, p. 207-226.
TIMBANE, A. A. Os estrangeirismos e os empréstimos no português de Moçambique. Campinas: Revista Cadernos de Estudos Linguísticos (UNICAMP), v. 54, 2012, p. 289-304
TIMBANE, A. A. A variação linguística e o ensino do português em Moçambique. Rio de Janeiro: Revista Confluência, v. 1, 2013, p. 2353-4153.
TIMBANE, A. A. e ABDULA, R. A lexicultura na literatura e no ensino da língua portuguesa em Moçambique. Interfaces,vol. 27 n. 3, 2016, p. 25-39.
TIMBANE, A. A. A variação linguística do português moçambicano: uma análise sociolinguística da variedade em uso. RILP – Revista Internacional em Língua Portuguesa, IV Série, n. 32, 2017, p. 19-38.
DOI: http://dx.doi.org/10.35572/rle.v21i2.2178
Apontamentos
- Não há apontamentos.

Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição - Não comercial - Sem derivações 4.0 Internacional.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A Revista Leia Escola consta nos seguintes indexadores, bancos de dados e bibliotecas
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A Revista Leia Escola está licenciada com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Esta revista utiliza o sistema LOCKSS para criar um sistema de arquivo distribuído entre as bibliotecas participantes e permite às mesmas criar arquivos permanentes da revista para a preservação e restauração. Saiba mais... _______________________ _<