Epidemiologia da leishmaniose canina no município de Pedro II, Piauí, entre os anos de 2013 e 2019

Autores

  • Lucimary do Nascimento Grupo de Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia do Centro-Norte Piauiense - BIOTECPI
  • Etielle Barroso de Andrade Grupo de Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia do Centro-Norte Piauiense - BIOTECPI

DOI:

https://doi.org/10.29215/pecen.v5i0.1623

Resumo

A leishmaniose é um grave problema de saúde pública e os cães são considerados como a principal fonte de infecção em áreas urbanas. O município de Pedro II possui grande número de casos de leishmaniose humana, mas não há divulgação sobre a doença em cães. Aqui, determinamos a ocorrência de leishmaniose canina nas zonas urbana e rural do município de Pedro II, estado do Piauí, entre 2013 e 2019. Os dados foram fornecidos pela Coordenação de Controle de Endemias do município. Foram registrados 899 casos caninos da doença, dos quais 51% ocorreram na zona urbana, principalmente nos bairros próximos às áreas de vegetação. Do total, 287 cães foram eutanasiados representando uma taxa de eliminação de 32%. Os anos de 2018 e 2019 apresentaram os maiores números de casos. Apesar de não haver correlação entre o número de cães infectados e os casos em humanos, Pedro II possui um elevado número de cães infectados, além de áreas favoráveis ao desenvolvimento do vetor. Assim, apresentamos informações básicas sobre a leishmaniose canina no município que podem ser usadas para direcionar medidas de controle e proteção dos animais e humanos, além de contribuir com informações da leishmaniose na região norte do estado.  

Palavras chave: Zoonose, epidemiologia, leishmaniose visceral, flebotomíneos, saúde pública.

Referências

Aguiar R.B & Gomes J.R.C (2004) Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea, estado do Piauí: diagnóstico do município de Pedro II. Serviço Geológico do Brasil. Fortaleza: CPRM. 26 p.

Almeida A.B.P.F., Mendonça A.J. & Sousa V.R.F. (2010) Prevalência e epidemiologia da leishmaniose visceral em cães e humanos, na cidade de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Ciência Rural, 40(7): 1610–1615. https://doi.org/10.1590/S0103-84782010005000102

Amóra S.S.A., Santos M.J.P., Alves N.D., Costa S.C.G., Calabrese K.S., Monteiro A.J. & Rocha M.F.G. (2006) Fatores relacionados com a positividade de cães para leishmaniose visceral em área endêmica do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Ciência Rural, 36(6): 1854–1859. https://doi.org/10.1590/S0103-84782006000600029

Barbosa D.S., Rocha A.L., Santana A.A., Souza C.S.F., Dias R.A., Costa-Júnior L.M. & Abreu-Silva A.L. (2010) Soroprevalência e variáveis epidemiológicas associadas à leishmaniose visceral canina em área endêmica no município de São Luís, Maranhão, Brasil. Ciência Animal Brasileira, 11(3): 653–659. https://doi.org/10.5216/cab.v11i3.5933

Barroso A.M.C. & Silva A.K.M. (2018) Perfil clínico e epidemiológico da leishmaniose no estado do Piauí no período de 2007 a 2017. Monografia (Graduação em Biomedicina). Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí.

Batista F.M.A., Machado F.F.O.A., Silva J.M.O., Mittmann J., Barja P.R. & Simioni A.R. (2014) Leishmaniose: perfil epidemiológico dos casos notificados no estado do Piauí entre 2007 e 2011. Revista Univap, 20(35): 44–55. http://dx.doi.org/10.18066/revunivap.v20i35.180

Bavia M.E., Carneiro D.D.M.T., Gurgel H.C., Filho C.M. & Barbosa M.G.R. (2005) Remote sensing and geographic information systems and risk of American visceral leishmaniasis in Bahia, Brazil. Parasitology, 47(3): 165–169.

Bevilacqua P.D., Paixão H.H., Modena C.M. & Castro M.C.P.S. (2001) Urbanização da leishmaniose visceral em Belo Horizonte. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 53(1): 1–8. https://doi.org/10.1590/S0102-09352001000100001

Bonates A. (2003) Leishmaniose Visceral (Calazar). Veterinary News, 61: 4–5.

Brasil (2006) Ministério da Saúde. Manual de vigilância e controle da Leishmaniose Visceral. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. 120 p.

Brito F.G., Langoni H., Silva R.C., Rotondano T.E.F., Melo M.A. & Paz G.S. (2016) Canine visceral leishmaniasis in the Northeast Region of Brazil. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, 22(15): 1–4. https://doi.org/10.1186/s40409-016-0069-4

Caldas A.J.M., Lisbôa L.L.C., Silva P.F., Coutinha N.P.S. & Silva T.C. (2013) Perfil das crianças com leishmaniose visceral que evoluíram para óbito, falha terapêutica e recidiva em hospital de São Luís, Maranhão. Revista de Pesquisa em Saúde, 14(2): 91–95.

Caminha A.E.Q. (2004) Aspectos clínicos da leishmaniose visceral canina na cidade de Fortaleza, Ceará. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária). Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, Rio Grande do Norte.

Cavalcanti O.L., Miranda V.L., Lappa F.P.F., Barbosa D.B.S., Fortier D.C., Nascimento L.M.F., Barbosa D.R.S. & Soares M.R.A. (2017) Aspectos da incidência de leishmaniose visceral humana e canina no município de Floriano/PI, Brasil. Revista Espacios, 38(8): 20–26.

Cerbino Neto J. (2003) Fatores Associados à Incidência de Leishmaniose Visceral em Teresina-PI na Década de 90. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Medicina). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Rio de Janeiro.

Costa C.H.N. (2008) Characterization and speculations on the urbanization of visceral leishmaniasis in Brazil. Cadernos de Saúde Pública, 24(12): 2959–2963.

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2008001200027

Drumond K.O. & Costa F.A.L. (2011) Forty years of visceral leishmaniasis in the State of Piaui: a review. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 53(1): 3–11.

http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46652011000100002

Feitosa M.M., Ikeda F.A., Luvizotto M.C.R. & Perri S.H.V. (2000) Aspectos clínicos de cães com leishmaniose no município de Araçatuba, São Paulo (Brasil). Clínica Veterinária, 28: 36–44.

Feliciano M.A.R., Aquino A.A., Coutinho L.N. & Vicente W.R.R. (2012) Imunologia na gestação de cadelas: revisão de literatura. Revista Brasileira de Reprodução Animal, 36: 158–162.

Figueiredo F.B., Lima Júnior F.E.F., Tomio J.E., Indá F.M.C., Corrêa G.L.B. & Madeira M.F. (2012) Leishmaniose visceral canina: dois casos autóctones no município de Florianópolis, estado de Santa Catarina. Acta Scientiae Veterinariae, 40(1): 1026.

França-Silva J.C., Costa R.T., Siqueira A.M., Machado-Coelho G.L.L., Costa C.A., Mayrink W., Vieira E.P., Costa J.S., Genaro O. & Nascimento E. (2003) Epidemiology of canine visceral leishmaniasis in the endemic area of Montes Claros Municipality, Minas Gerais state, Brazil. Veterinary Parasitology, 111: 161–173. http://dx.doi.org/10.1016/s0304-4017(02)00351-5

Freitas J.C.C. (2011) Subsídios para o estudo da leishmaniose visceral canina na cidade de Fortaleza, Ceará. Tese (Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias). Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária, Fortaleza, Ceará.

Freitas L.C.S. & Feitosa A.C. (2014) Espaço e Saúde: condições socioambientais favoráveis à leishmaniose visceral (LV) na bacia do rio Anajá em Paço do Lumiar – MA. Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, 10(18): 33–45.

Freitas S.O., Gomes J.M.A. & Aquino C.M.S. (2016) Análise dos impactos ambientais da extração de opala no munícipio de Pedro II, Piauí. Geociências, 35(3): 443–456.

Gatti R.R., Matsumoto A.M.B. & Simom Y.G. (2018) Guia de orientação para vigilância de leishmaniose visceral canina (LVC). Florianópolis: Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina. 40 p.

Gontijo C.M.F. & Melo M.N. (2004) Leishmaniose visceral no Brasil: quadro atual, desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia, 7(3): 338–349.

https://doi.org/10.1590/S1415-790X2004000300011

Guimarães M.A., Rocha C.M.B.M., Oliveira T.M.F.S., Rosado I.R., Morais L.G. & Santos R.R.D. (2009) Fatores associados à soropositividade para Babesia, Toxoplasma, Neospora e Leishmania em cães atendidos em nove clínicas veterinárias do município de Lavras, MG. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 18: 49–53.

https://doi.org/10.4322/rbpv.018e1009

Hammer O., Harper D.A.T. & Ryan P.D. (2001) PAST: Paleontological Statistic software package for education and data analysis. Paleontologia Eletronica, 4(1): 1–9.

IBGE (2019) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Biomas e sistema costeiro-marinho do Brasil: compatível com a escala 1:250 000. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. Rio de Janeiro: IBGE. Série Relatórios Metodológicos, 45: 168.

IBGE (2021) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidade: Pedro II. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br (Acessado em 11/01/2021).

ISA (2017) Instituto Socioambiental. Unidades de Conservação do Brasil: APA da Serra da Ibiapaba. Disponível em: http://uc.socioambiental.org (Acessado em 10/10/2020).

Lemos M.H.S., Silva W.C., Gomes F.C.S., Lages L.P., Costa J.O., Júnior J.D.P.A., Teixeira D.R.A., Santos F.A.S., Pinheiro D.H.A. & Queiroz B.F.S. (2018) Epidemiologia das Leishmanioses no estado do Piauí. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, 25(2): 53–57.

Lima M.L.C., Ximenes R.A.A, Souza E.R., Luna C.F. & Albuquerque M.F.P.M. (2005) Análise espacial dos determinantes socioeconômicos dos homicídios no Estado de Pernambuco. Revista de Saúde Pública, 39(2): 176–82. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102005000200006

Marcondes M. & Rossi C.N. (2013) Leishmaniose visceral no Brasil. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, 50(5): 341–352.

Matos M.M., Filgueira K.D., Amora S.S.A., Suassuna A.C.D., Ahid S.M.M. & Alves N.D. (2006) Ocorrência da leishmaniose visceral em cães em Mossoró, Rio Grande do Norte. Ciência Animal, 16(1): 51–54.

Mendes J.R., Lopes A.S., Sousa M.S.C., Silva M.J.M., Sousa P.B., Chagas N.S., Marcelo Ventura C.S., Silva D.F.M., Mallet J.R.S., Vilela M.L. & Silva J. (2020) O Piauí como coadjuvante da leishmaniose visceral brasileira. Brazilian Journal of Development, 6(3): 11210–11219.

http://dx.doi.org/10.34117/bjdv6n3-114

Mendonça I.L., Batista J.F., Ribeiro I.M.M., Rocha F.S.B., Silva S.O. & Melo M.N. (2017) Leishmania infantum in domestic cats from the municipality of Teresina, state of Piauí, Brazil. Parasitology Open, 3: 1–8.

Monteiro P., Lacerda M.M. & Arias J.R. (1994) Controle da Leishmaniose no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 27(4): 67–72.

Nunes V.L.B., Galati E.A.B., Nunes D.B., Zinezzi R.O., Savani E.S.M.M., Ishikawa E., Camargo M.C.G.O., D’Áuria S.R.N., Cristaldo G. & Rocha H.C. (2001) Ocorrência de leishmaniose visceral canina em assentamento agrícola no Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 34: 301–302.

http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822001000300014

Pimentel D.S., Ramos R.A.N., Santana M.A., Maia C.S., Carvalho G.A., Silva H.P. & Alves L.C. (2015) Prevalence of zoonotic visceral leishmaniasis in dogs in an endemic area of Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 48(4): 491–493.

http://dx.doi.org/10.1590/0037-8682-0224-2014

QGis Development Team (2020) Quantum GIS Geographic Information System. Open Source Geospatial Foundation Project. Disponível em: http://qgis.osgeo.org (Acessado em: 10/10/2020).

Rocha M.A.N., Matos-Rocha T.J., Ribeiro C.M.B. & Abreu S.R.O. (2018) Epidemiological aspects of human and canine visceral leishmaniasis in State of Alagoas, Northeast, Brazil. Brazilian Journal of Biology, 78(4): 609–614. http://dx.doi.org/10.1590/1519-6984.166622

Rodrigues A.C.E. (2008) Características epidemiológicas e distribuição espacial da enzootia canina de Leishmaniose Visceral na cidade de Teresina - Piauí, no período de 2003 a 2006. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública). Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro.

Rosa I.C.A.S. & Oliveira I.C.S. (1997) Leishmaniose visceral: breve revisão sobre uma zoonose reemergente. Clínica Veterinária, 11: 24–28.

Santos J.P., Dias-e-Silva T.P., Lima D.W.G. & Mendonça I.L. (2014) Leishmaniose visceral no município de Bom Jesus, Piauí, Brasil. Acta Veterinária Brasílica, 8(4): 236–241.

https://doi.org/10.21708/avb.2014.8.4.4302

Santos G.M., Barreto M.T.S., Monteiro M.J.S.D., Silva R.V.S., de Jesus R.L.R. & Silva H.J.N. (2017) Aspectos epidemiológicos e clínicos da leishmaniose visceral no estado do Piauí, Brasil. Ciência & Desenvolvimento-Revista Eletrônica da FAINOR, 10(2): 142–153.

http://dx.doi.org/10.11602/1984-4271.2017.10.2.12

Silva D.A., Madeira M.F. & Figueiredo F.B. (2015) Geographical Expansion of canine visceral leishmaniasis in Rio de Janeiro state, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical, 57(5): 435–438. https://doi.org/10.1590/S0036-46652015000500012

Silva A.V.M.D., Paula A.A.D., Cabrera M.A.A. & Carreira J.C.A. (2005) Leishmaniose em cães domésticos: aspectos epidemiológicos. Cadernos de Saúde Pública, 21: 324–328.

https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000100036

Silva J.D., Melo D.H.M., Costa J.A.G., Costa D.F., Silva R.B.S., Melo M.A., Azevedo S.S. & Alves C.J. (2017) Leishmaniose visceral em cães de assentamentos rurais. Pesquisa Veterinária Brasileira, 37(11): 1292–1298. https://doi.org/10.1590/s0100-736x2017001100016

Siqueira F.R.D. (2012) Leishmaniose visceral canina. Monografia (Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais). UNIGRAN – Centro Universitário da Grande Dourados, Mato Grosso do Sul.

Soares M.R.A., Mendonca I.L., Bonfim J.M., Rodrigues J.A., Werneck G.L. & Costa C.H.N. (2011) Canine visceral leishmaniasis in Teresina, Brazil: Relationship between clinical features and infectivity for sand flies. Acta Tropical, 117: 6–9.

https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2010.08.015

Tilley L.P. & Smith Jr. F.W.K. (2008) Consulta veterinária em cinco minutos. Espécies canina e felina. 3° edição. São Paulo: Manole. 1550 p.

Troncarelli M.Z., Carneiro D.M.V.F. & Langoni H. (2012) Visceral Leishmaniosis: an old disease with continuous impact on Public Health (p. 263–282). In: Lorenzo-Morales J. (Ed.). Zoonosis. InTech. https://doi.org/10.5772/2125

Werneck G.L., Costa C.H.N., Walker A.M., David J.R., Wand M. & Maguire J.H. (2002) The urban spread of visceral leishmaniasis: Clues from spatial analysis. Epidemiology, 13(3): 364–367. https://doi.org/10.1097/00001648-200205000-00020

Werneck G.L., De Jesus T.F.P.C., Farias G.C., Silva F.O., Chaves F.C., Golvêa M.V., Henrique C.N.C. & Amorim F.C.A. (2008) Avaliação da efetividade das estratégias de controle da leishmaniose visceral na cidade de Teresina, Estado do Piauí, Brasil: resultados do inquérito inicial – 2004. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 17(2): 87–96.

Zar J.H. (2010) Biostatistical analysis. 5° edição. New York: Prentice - Hall/Pearson. 944 p.

Downloads

Publicado

04-03-2021

Edição

Seção

CIÊNCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS / HEALTH AND BIOLOGICAL SCIENCES